A cidade moderna, criação do capitalismo e da burguesia, nasce como o lugar do encontro do diverso. Assim foi definida pela Escola de Sociologia Urbana de Chicago: grande aglomerado, denso e diverso. Agora é o desenvolvimento do capitalismo que coloca em cheque os fundamentos dessa cidade, promovendo a segregação, as zonas exclusivas, a privatização dos espaços públicos. Sob a égide do neo-liberalismo, é a própria cidade, e os conceitos de cidade e urbanidade que estão sendo corroídos. Enquanto a burguesia condena à morte uma de suas mais nobres e ricas criações, a cidade se transforma em projeto popular, abraçado pelos que resistem às remoções forçadas, que querem a preservação e expansão dos serviços e espaços públicos, enfim pelos que lutam para impedir que a cidade sucumba total e definitivamente ao mercado e sua potência desurbanizadora.